quarta-feira, maio 21, 2008

"[...] Não! Era preciso não chamar atenção! Era preciso comportar-se com serenidade mesmo quando estivesse a ponto de ficar louco. Era necessário procurar compreender que esse grande organismo era de certo modo eterno em suas flutuações, que se alguém pretendia mudar nele alguma coisa era como tirar-se ele próprio o solo sob os seus pés e que ele mesmo é que se precipitava na queda enquanto que o grande organismo, vendo-se apenas muito ligeiramente afetado por isso conseguiria facilmente uma peça de reposição (sempre dentro de seu mesmo sistema) e permanecia imutável se não acontecia que - e isto era até o mais verossímil - se tornava ainda mais fechado, ainda mais atento a tudo o que acontecia, ainda mais severo, ainda pior. [...]"

- O Processo, Kafka.


Achas que isso tudo seja um pouco diferente do que tudo ao nosso redor?
Índio sendo indiciado por danos físicos quando estava defendendo sua própria terra. Milhões de paulistanos (e por quê não brasileiros?) jogados as traças em meio a selva de concreto. Quando só queriam mesmo defender sua própria terra (vertical). Deputados que banalizam não a falta da verdade, mas sim a desmoralização da mentira. Desastres ambientais, sociais, raciais...
Um pouco familiar ao texto, não!?
E aí de quem tentar mudar algo.
Na porta da loucura, é melhor apertar a campainha com calma pois estão todos a beira de ataques de nervos, e acabarem saindo de seus muros altos, cameras de segurança e cercas eletrificadas, e atropelar a calmaria (não conformismo e comodidade) com todos os seus artigos de luxos.

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